road to Dande

Sim, Sangano é mais praia do que o Dande, o mar é mais Atlântico, com ondas e correntes, com mistério, com a incerteza de como o vamos encontrar, ao mar, quando descermos de Luanda. Mas, semana após semana, quando discutimos o destino do nosso Domingo, o Dande parece agigantar-se, apesar da água previsivelmente tranquila e turva pela proximidade da foz do Dande, apesar da ementa limitada do restaurante, apesar da previsibilidade de tudo, absolutamente tudo. E, se o faz, se acaba por sair da discussão como o destino eleito, deve-o à estrada, ao caminho. Que, em primeiro lugar, permite evitar o estrangulamento de Benfica, que torna imperioso o regresso cedo de quem vem de Sul. E a ponte do Kwanza, cuja travessia as inúmeras e despropositadas lombas colocadas aquando do início, entretanto abortado, das obras para a nova ponte, tornaram grande tormento para o viajante. A seu favor a Barra do Dande tem, portanto, o melhor caminho. Mais curto, mais previsível, menos problemático. E, sobretudo mais Angolano. Subir para o Dande é como atravessar um certo país, é observar um corte transversal de uma certa população Angolana. Há de tudo, ali, há as vendedoras de pão do Vidrul, o mercado de Kifangondo com a sua cana de açúcar orgulhosamente exibida, a fruta colorida da bifurcação de Sassalemba e, chegando finalmente ao Dande, as lavadeiras do rio, e finalmente o peixe seco, de tamanhos vários, à venda em longas bancas. Há também os lavadores de Candongueiros, os jogos de futebol que ocupam qualquer terreno vago e os “restaurantes” engalanados do Panguila. Tudo isto enfeita o caminho, tudo isto me acompanha nesses Domingos do Dande. Do lado de fora do vidro, à distância de um click.

(fotografias tiradas do interior do carro, entre Cacuaco e Barra do Dande, em 11 de Outubro de 2015, com uma fuji XQ-1)